Dona Ledi: “Depois de mais de 50 dias internada, o programa Vida Pós Covid tem me ajudado muito”
Programa criado para auxiliar pessoas na recuperação, tem trazido bons resultados à pacientes
Desde março, quando começou a Pandemia do Coronavírus, tudo mudou. De lá para cá, foi preciso entender a doença, pouco conhecida por todos, até mesmo pelos profissionais da saúde e aos poucos, aprendendo a lutar contra ela. E em Santa Rosa, a Gestão Municipal, através da Fundação Municipal da Saúde, rapidamente se estruturaram no combate a doença, criando diversas ações que vão muito além do simples fato de atender pessoas com casos de Covid-19.
Através da Rede Complementar da FUMSSAR, foi criado um projeto pioneiro capaz de pensar no pós doença, oferecendo uma estrutura ampla que contempla médico, enfermeiro, técnico de enfermagem, fisioterapeuta, psicólogo, fonoaudiólogo, assistente social e nutricionista. Januário Vargas, Diretor da Rede Complementar, explica que o ‘Vida Após o Covid’, foi pensado para todas aquelas pessoas que tiveram contato com a doença de uma ou outra forma, seja contraindo a doença, ou perdendo um ente querido. “Trata-se de uma doença atípica, nova para o mundo e precisamos dar orientação de como proceder após sair do hospital, sem falar ainda no preconceito que existe com quem já teve Covid”, destaca Januário.
Por isso, o Vida Após o Covid da FUMSSAR dá todo tipo de assistência através de pessoas treinadas. E quem aprovou o programa é a Dona Ledi Massaia Martins, de 69 anos. A história dela, é o maior exemplo de superação e aprendizado. Diagnosticada com Covid em 13 de julho, ela internou no Hospital Especializado em Covid e Doenças Respiratórias (Dom Bosco), em 21 de julho. Com algumas comorbidades como diabetes, problemas na tireóide e reumatismo no sangue, seu quadro se complicou e ficou 42 dias na UTI, mais 11 dias de internação em leito clínico, literalmente lutando contra a morte. A alta se deu após longos e exaustivos dias e aconteceu apenas em 12 de setembro, data em que ele vai passar a comemorar seu 2º aniversário.
O resultado desta internação foi que ela precisou começar sua vida do zero, inclusive a aprender a caminhar e falar de novo, sem falar no cuidado com medicamentos e procedimentos de enfermagem que precisavam ser feitos. Foi aí que o Pós Covid entrou em sua vida. “Nasci de novo, com a graça de Deus e o bom atendimento que a nossa saúde em Santa Rosa tem. Muito bom. Eu lutei contra a morte. Hoje sou muito feliz. Pude voltar para casa, ver minha família. Temos uma saúde em Santa Rosa de 1º mundo, foi formada uma equipe no Dom Bosco que luta pelo paciente, que tem amor pelo que faz, por isso sobrevivi. Quero aproveitar a segunda chance que tive e já sei o que vou fazer na vida daqui para frente”, disse Ledi.
Segundo ela, o que passou de ruim já esqueceu e agora é vida que segue. “Só não vou me esquecer do bom atendimento que eu tive. Estou reaprendendo tudo, a caminhar, falar, comer, tudo do zero. Se não fosse este atendimento Pós Covid eu ainda estaria na cama deitada, sem os movimentos que perdi todos por ficar tanto tempo na UTI. Um bom atendimento é meio caminho andado. Além disso, esta questão de suporte que estamos tendo depois da alta hospitalar, é essencial. Eles nos trazem os materiais, medicamentos, dão as orientações de como agir, isso faz muita diferença”, declara.
Para a filha Indiara Liensefeld, que veio do Mato Grosso para acompanhar a recuperação da mãe, o acompanhamento do enfermeiro, fisioterapeuta e médicos em casa, foi muito importante para dar um norte e saber como agir frente ao tratamento de Ledi. “Não sabíamos como agir diante desta situação e eles nos dão orientação diária. Assim podemos ajudar na melhora dela. Isso tem ajudado muito, o processo de recuperação dela foi um sucesso graças a isso”, comentou.
A nora Cristiane Moura, que também tem se dedicado exclusivamente na recuperação da sogra, conta que quando Ledi deu alta, não sabiam como lidar com ela. “Num primeiro momento, estávamos perdidos. Eu recebi minha sogra no hospital depois de sair da UTI praticamente morta. Só batia o coração. Ela começou do zero. Tínhamos que saber como lidar com toda esta situação. Ela tinha uma lesão muito grande causada por pressão, em virtude de ficar muito tempo deitada e que exigia muito cuidado. Somos leigos, mas cada dia a equipe estando lado a lado, passando tranquilidade e segurança, fazendo toda diferença”, frisou.
E quem acompanhou a situação de Dona Ledi no leito de UTI, ver ela sentada e feliz em sua casa, é motivo de orgulho. O Técnico de Enfermagem Gilnei da Silveira, atua na Unidade de Tratamento Intensivo à noite no Dom Bosco, por isso, por muitas vezes acompanhou Ledi nos períodos mais críticos dela e agora, a acompanha no programa A Vida Após Covid, indo até sua casa fazer a aferição da pressão arterial e na troca de curativos. “Olhar para ela agora, firme e forte, é emocionante. No dia a dia, ver ela melhorar e evoluir é muito gratificante. O caso dela serve de exemplo”, disse Gilnei.
Se ver ela bem já é emocionante, imagina ver os primeiros passos de Ledi, ainda lentos, mas firmes. Fernanda de Moura Mittelstadt, Fisioterapeuta do Vida Após Covid, relata que é muito gratificante poder ajudar esses pacientes que sofrem muito com as sequelas motoras e respiratórias causadas pelo Coronavírus. “Na avaliação, ouvimos as queixas dos pacientes, que normalmente são fraqueza muscular, falta de ar a pequenos esforços e dor, a partir disso traçamos os objetivos e o tempo do tratamento, que varia a cada paciente. É realizada uma reabilitação global, que envolve o treinamento de atividades simples como sentar e levantar, caminhar e treino respiratório, até que consigam retornar a qualidade de vida que tinham anteriormente”. A fisioterapeuta relata que com o acompanhamento diário proporcionado pelo programa, é possível perceber rapidamente qualquer piora clínica e realizar em curto espaço de tempo, o suporte e o tratamento adequado.
O Presidente da FUMSSAR, Délcio Stefan, diz que o Vida Após o Covid é essencial nos casos de pessoas que precisam deste tipo de reabilitação física e também psicológica e que este exemplo implantado em Santa Rosa, serve de exemplo para muitos outros municípios. “A FUMSSAR cuida da saúde das pessoas e tem servidores qualificados para o enfrentamento ao Covid-19”, concluiu.